Vantagens de envolver o departamento de manutenção nos projectos industriais

Muitas empresas possuem um departamento de engenharia/projectos que tem como principal função avaliar a necessidade de novos equipamentos e infraestruturas, apresentar os projectos de investimento à gestão de topo e após a sua aprovação realizar todo o processo de aquisição e instalação dos mesmos na unidade industrial. Posteriormente à fase de ensaios e colocação em serviço os activos são entregues ao departamento de manutenção para os manter em bom estado de funcionamento. 

Será este o melhor procedimento para garantir uma manutenção eficiente durante a vida útil do activo?

Quando uma empresa pretende adquirir um novo activo, o departamento de Engenharia e Projecto estabelece os objectivos que se pretende atingir com a nova aquisição e desenvolve o caderno de encargos para lançar o concurso. Posteriormente analisam-se as propostas e escolhe-se a solução que a empresa acha mais adequada às suas necessidades. Com frequência, nas empresas a manutenção não participa no desenvolvimento do caderno de encargos e não dá os seus inputs relativamente aos seus requisitos, passando assim  para segundo plano a sua "manutibilidade" (facilidade em executar a manutenção) do activo ao longo do seu ciclo de vida e a facilidade da sua execução. Com frequência, após colocação em serviço dos equipamentos e realizadas as primeiras abordagens do departamento de manutenção, são detectados diversos constrangimentos que podem prejudicar o bom funcionamento do equipamento assim como possíveis oportunidades de melhoria para o seu trabalho e manutenção. Todas as alterações que serão efectuadas nesta fase terão um custo muito superior ao que seria necessário se tivessem sido propostas e alteradas em fase de projecto.

Seguindo a raciocínio anterior, existem diversas vantagens em envolver o departamento de manutenção desde o inicio do projecto e na elaboração do caderno de encargos, reduzindo assim as surpresas desagradáveis após a colocação em serviço dos mesmo e reduzindo os custos de manutenção ao longo do ciclo de vida dos equipamentos.
No gráfico abaixo, em termos meramente indicativos, podemos verificar que se tivermos o envolvimento de todos no inicio do projecto, os custos das alterações serão muito inferiores a alterações executadas na fase final.



O envolvimento da manutenção desde o inicio dos projectos pode assegurar as seguintes vantagens para a empresa:
  • Utilização do know-how da manutenção - Quando os equipamentos adquiridos são similares a outros que já existem na empresa e a manutenção tem experiência em manter este tipo de equipamentos, pode assim levantar todas as dificuldades que tem tido na sua manutenção e evitar a sua repetição nas novas aquisições.
  • Facilidade de manutenção - Na fase de análise dos novos projectos podem ser identificados constrangimentos que irão dificultar a execução da manutenção no futuro, a sua correcção poderá facilitar a manutenção e reduzir os tempos de intervenção (MTTR), por exemplo facilidade de substituição de componentes, facilitar a inspecção e o diagnóstico.
  • Stocks - Os componentes dos equipamentos, sempre que possível, devem ser uniformizados com os já existentes em stock, evitando assim aumentar os custos com o stock.
  • Identificação dos sistemas e componentes - A identificação nos novos equipamentos e a documentação técnica entregue deve seguir os standards já utilizados na empresa facilitando assim a sua interpretação pelos técnicas da manutenção.
  • Tecnologias utilizadas - As tecnologias instaladas nos equipamentos novos devem ser as mesmas que já utilizadas na empresa (ex: automação, robótica, variação de velocidade, etc). Ao manter as tecnologias que os técnicos de manutenção já conhecem, evita os custos com formação e a elimina a rampa de aprendizagem dos técnicos às novas tecnologias, reduzindo os custos. 
Concluímos assim que o envolvimento de departamento de manutenção desde o inicio do desenvolvimento dos projectos vai beneficiar todo o processo, reduzindo os custos de alterações inesperadas na sua fase final, assim como garante durante o seu ciclo de vida dos activos uma melhor eficiência com elevados índices de disponibilidade e ao menor custo de manutenção. 





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